O OLHAR SOCIAL SOBRE CAPITU: análise e considerações acerca da representação feminina em Dom Casmurro
O OLHAR SOCIAL SOBRE CAPITU: análise e
considerações acerca da representação feminina em Dom Casmurro[1]
Rebeca Gonçalves dos Santos[2]
RESUMO
O presente trabalho analisa o olhar social que repousa sobre a personagem Capitu de uma das obras mais conhecidas e polêmicas de Machado de Assis: Dom Casmurro, publicada em 1900. Problematiza especialmente os ecos ao longo dos anos do questionamento “Capitu traiu ou não traiu Bentinho?”, que atravessa gerações. Quais reflexões podem ser traçadas quanto a essa fixação no “suposto adultério feminino”? Este trabalho busca, portanto, demonstrar como Machado de Assis provoca a estrutura social com sua personagem à frente a sua época e como a sociedade tece um olhar marcadamente machista sobre Capitu.
Palavras-chave:
Capitu. Representação Feminina. Machado de Assis. Dom Casmurro. Adultério.
INTRODUÇÃO
Joaquim Maria Machado de Assis, ou somente
“Machado de Assis” nome que se tornou popular na literatura brasileira e
internacional tem suas obras inseridas em seu universo próprio, o universo machadiano. Suas obras
literárias são divididas em duas fases: a fase romântica, marcada por temas
como amor platônico, fé, pureza (...); e a fase realista, na qual Dom Casmurro
está inserida.
É na fase realista que surgem os personagens
machadianos com características mais fortes como o egoísmo, pessimismo, ciúme, a
ironia e em que se abordam temáticas polêmicas como o adultério, tema este inserido
no livro que baseia o presente trabalho.
Dom Casmurro é uma obra narrada em primeira
pessoa por Bento de Albuquerque Santiago, o Bentinho. Dessa forma, é
fundamental atentar-se ao fato de que o material publicado em 1900, reúne
lembranças e registros de um homem de meia idade, ressentido, viúvo e solitário
vivendo sozinho no Bairro de Engenho Novo, no Rio de Janeiro, apresentando sua
perspectiva sobre seu casamento e suas considerações acerca de sua mulher,
Maria Capitolina Santiago, a Capitu.
Bentinho
se apresenta convicto de que Capitu o traiu com seu melhor amigo Escobar e de
que Ezequiel seria fruto dessa traição. Diante disso, o que conserva o mistério
é o fato de Capitu manter o silêncio e mostrar-se forte e nobre mesmo diante
das acusações:
Grande foi a estupefação de Capitu, e não a menor a indignação
que lhe sucedeu (...) Após alguns instantes, disse-me ela: - Só se pode
explicar tal injúria pela convicção sincera; entretanto você que era tão cioso
dos menores gestos, nunca revelou a menor sombra de desconfiança. Que é que lhe
deu tal ideia? Diga, continuou vendo que eu não respondia nada, - diga tudo;
depois do que ouvi, posso ouvir o resto, não pode ser muito. Que é que lhe deu
tal convicção? Ande Bentinho, fale! fale! Despeça-me daqui, mas diga tudo
primeiro. (MACHADO, 1900, p.181)
Capitu não se acovarda e muito menos recua
diante das conclusões à que Bentinho chega a seu respeito, classificando-a como
adúltera. O que a personagem faz de extremamente marcante, para além de se
mostrar corajosa é destacar uma característica de Bentinho, crucial para o
desenvolvimento deste trabalho: a desconfiança excessiva do personagem, mesmo
nos menores gestos e situações.
Debruçar-nos-emos, portanto, no perfil de
Bentinho, haja vista que é ele o narrador da história, entender sua
personalidade implica em entender o olhar que se estabeleceu ao longo das
décadas sobre Capitu.
1. BENTINHO
A narrativa da obra evidencia a solidão de
Bentinho, no entanto, ainda que esse aspecto seja marcante, a linguagem não
aponta o lamento do narrador por estar nessa condição, somente a demarca.
Parece evidente que o Dom Casmurro seja
alguém com diversas pendências emocionais.
Para compreender essas pendências, é preciso
retornar a criação de Bento de Albuquerque Santiago. Este cresceu criado por
sua mãe, D. Glória, junto aos tios Cosme e Justina e a José Dias, agregado, sendo
Bentinho órfão de pai. Tendo crescido em domínio feminino, por parte de sua
mãe, por diversas vezes Bentinho parece nutrir uma insegurança contra sua
masculinidade, tentando reforça-la diante das tentativas de se mostrar
suficientemente homem para ser senhor de si e para assumir uma mulher.
A leitura da obra nos apresenta a um
narrador-personagem extremamente ciumento e que demonstra ter ciência disso em
diversas passagens do livro. Bentinho mostrava-se desconfiado até da felicidade
da Capitu, quando não estava vinculada à ele:
Outra ideia, não, - um sentimento cruel e desconhecido, o
puro ciúme, leitor das minhas entranhas. (...) E a alegria de Capitu confirmava
a suspeita; se ela vivia alegre é que já namorava outro, acompanhá-lo-ia com os
olhos na rua, falar-lhe-ia à janela, às ave-marias, trocariam flores
e...E...quê? Sabes o que é que trocariam mais; (MACHADO, 1900, p.93-94)
Desconfiava
de quem olhava para Capitu, sentia ciúmes quando o faziam, irritava-se com
Capitu quando seus braços estavam nus e expostos, por fim, por ciúme, alimentou
a ideia de que Capitu o havia traído com seu melhor amigo. Bentinho, cego pelo
ciúme doentio, que o mesmo reconhece possuir, nega que Ezequiel seja seu filho,
cogitando inclusive envenená-lo, por identificar no menino características que
segundo ele o faziam extremamente semelhante a Escobar e totalmente diferente
dele, ainda que não tenha tido provas concretas de que tenha sofrido traição em
momento algum da história.
2. CAPITU
Capitu é apresentada ao leitor, de forma
intencional, como uma mulher dotada de mistérios, dissimulações, provida de
ambiguidades, justamente para aguçar no leitor a dúvida e motivá-lo a tirar
suas próprias conclusões. No entanto, nada que acuse Capitu é comprovado, têm-se
apenas acusações do marido de a mesma ser dissimulada e capaz.
O olhar de Capitu é um aspecto que atravessa
toda a obra, olhos “oblíquos” e “dissimulados”. Devido ao enfoque dado à
dissimulação atribuída a Capitu, no
início da obra ela é desenhada como uma ameaça ao futuro de Bentinho e uma
péssima influência, principalmente por ser muito esperta.
Tal esperteza se tornava cada vez mais evidente
sempre que quando descoberta em situações constrangedoras era plenamente capaz
de dar um jeito de escapar das circunstancias e despistar os olhares suspeitos.
O que se evidencia é que Capitu, de certa forma era dona de si e tinha pleno domínio
das situações em que se envolvia.
No início das descrições de Bentinho sobre
Capitu, por vezes ele a invejava, desejando ter a coragem que Capitu tinha para
enfrentar as barreiras da vida, admirava a maneira que ela saía de situações
que ele não fazia ideia de como contornar, como por exemplo a cena descrita no
Capítulo XV:
Era o pai de Capitu, que estava à porta dos fundos, ao pé
da mulher. Soltamos as mãos depressa, e ficamos atrapalhados. Capitu foi ao
muro, e com o prego, disfarçadamente apagou nossos nomes escritos.
- Capitu!
- Papai!
- Não estragues o reboco do muro.
Capitu riscava sobre o riscado, para apagar bem o escrito.
Pádua saiu ao quintal, a ver o que era, mas a filha já tinha começado outra
coisa, um perfil, disse ser o retrato dele, e tanto podia ser dele como da mãe;
fê-lo rir, era o essencial. (MACHADO, 1900, p. 24-25)
Bentinho enxergava Capitu com muito apreço e
admiração, mesmo quando estava no Seminário e ficava refletindo sobre como ela
estaria e se era triste por sentir sua falta. Seus pensamentos sempre
encontravam o ciúme nutrido por ele mesmo, foi a partir desses surtos de ciúme,
que o personagem acabou atribuindo aos olhos de Capitu uma nova característica,
de “olhos de ressaca”, descreve Bentinho: “... olhos de ressaca? Vá, de
ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluído
misterioso e enérgico, praia nos dias de ressaca.”, denunciando que os olhos de
Capitu assim como o mar atraiam as pessoas.
Os sentimentos e os ciúmes de Bentinho se
acentuam na trama, e assim, em sua mente sua esposa antes admirada e amada
transforma-se em uma mulher falsa e perversa.
3. A REPRESENTAÇÃO FEMININA
Ao analisar a narrativa de Bentinho, fica
evidente que ele silencia a voz de Capitu na história, em todo momento a
personagem é julgada por ele, exclusivamente sob seu ponto de vista.
A personagem está inserida em uma sociedade
patriarcal onde a burguesia e a religião exerciam grande influência nos valores
e costumes vigentes. Havia regras comportamentais e morais para as mulheres do
século XIX, Capitu não entanto não atendia aos padrões da época, pois diferente
das mulheres do romantismo, as mulheres do realismo eram determinadas e
desafiadoras.
Em Dom
Casmurro ainda que o narrador seja um homem, podemos ver como Machado de
Assis provoca a estrutura social da época trazendo situações de domínio predominantemente
feminino.
Iniciando por Dona Glória, mãe de Bentinho que
ainda que tenha passado por diversas complicações e dificuldades ao longo da
vida, permaneceu forte e foi capaz de administrar todo patrimônio da família.
Outros exemplos são os da mãe de Capitu e a mesma que foram representadas como
sábias para administrar a economia do lar, ainda que não tenha havido
evidências de que Capitu teria frequentado uma escola assim como Bentinho.
É evidente, portanto, que as personagens
femininas dessa obra machadiana além de serem fascinantes, virtuosas e belas,
possuíam uma “liberdade de expressão” maior, evidenciada pelas suas atitudes,
condutas e até mesmo do “olhar”. Capitu é descrita de forma detalhada na obra,
desde características físicas à características de sua personalidade,
conhecê-la, portanto, não é uma tarefa difícil. Nesse sentido, se retomarmos à
questão: “Capitu traiu ou não Bentinho?” A resposta fica a cargo do olhar que é
lançado sobre ela.
4. OLHAR SOCIAL SOBRE CAPITU
Trataremos nessa seção do aspecto central do
presente trabalho, analisar as lentes pelas quais Capitu é enxergada ao longo
dos anos. Para isto, retornemos ao contexto de publicação da obra em 1900. O
Brasil era governado por diversas oligarquias e o conceito de democracia
demonstrava poucos efeitos quanto a sua aplicabilidade prática na sociedade. Em
meio a uma sociedade que enfrentava uma crise de valores, principalmente
morais, Machado cria Capitu, destemida e determinada, que não se submeteu às
vontades e devaneios de Bentinho.
No século XIX a sociedade brasileira tendo
passado por diversas transformações que culminaram na ascensão do capitalismo e
consequentemente no processo de urbanização, propiciou o surgimento de novas
formas de relações sociais, vindo à tona uma nova mentalidade. Nesse sentido,
destaca a Professora Doutora Maria Ângelo D’Incao:
“Presenciamos ainda
nesse período o nascimento de uma nova mulher nas relações da chamada família
burguesa, agora marcada pela valorização da intimidade e da maturidade. Um
sólido ambiente familiar, o lar acolhedor, filhos educados e esposa dedicada ao
marido e às crianças e desobrigada de qualquer trabalho produtivo,
representavam o ideal de retidão e probidade, um tesouro social imprescindível.
Verdadeiros emblemas desse mundo relativamente fechado, a boa reputação
financeira e a articulação com a parentela como forma de proteção ao mundo
externo marcaram o processo de urbanização do país.”[3]
Conforme estudos de D’Incao os “novos tempos”
foram marcados por diversas mudanças nos campos social, econômico e político,
até mesmo a mulher, antes limitada ao ideário da família patriarcal, passa a
ganhar certas liberdades e ocupar novos espaços. É essa a abordagem e a
roupagem que Machado de Assis buscou dar à Capitu.
Entretanto, os ecos dessa trama, mesmo na
sociedade atual, tratam de colocar Capitu a julgamento, ainda que a leitura da
obra não apresente evidências que a coloquem como adúltera e a Bentinho como
traído, como vítima. Têm-se é claro, o esforço do narrador-personagem de vestir
a roupagem de “vítima” de uma traição, mas ainda assim, a única voz dessa obra
é a de Bentinho. É a voz que coloca a mulher como causadora de um conflito e
que atribui à ela traços de mau caráter, que aos poucos assim se mostram na
obra, os traços que parecem ser admirados por Bentinho no início da narrativa,
passam a ser expostos por ele com inquietação.
Capitu
segundo o personagem era calculista, interesseira, dissimulada e sedutora.
Desqualificar a figura feminina, parece ter sido o objetivo de Bento Santigo, o
que era, aliás, comum para a ideologia da época.
O que contribuiu para a perpetuação de um olhar
direcionado a culpabilização de Capitu é certamente a estrutura machista e
patriarcal enraizada na sociedade brasileira. Talvez se Dom Casmurro fosse
escrito nos tempos atuais não restariam dúvidas: Capitu possivelmente seria
julgada como adúltera sem que houvesse o princípio da dúvida.
Décadas se passaram após a publicação da obra,
mas esta ainda é reduzida aos questionamentos quanto à suposta infidelidade de
Capitu. Uma sociedade que ainda hoje coloca à dúvida a palavra da mulher mesmo
que as evidências as apontem como vítima de abusos psicológicos, morais e
físicos em diversas situações não se distancia tanto assim do imaginário da
sociedade em 1900 quanto à forma de olhar para a mulher.
Atualmente, mulheres seguem sendo silenciadas,
reduzidas e vítimas de feminicídio todos os dias por todo país e pelo mundo. Os
noticiários divulgam casos de ciúme doentio, de possessividade e de agressão
que levam mulheres à óbito cotidianamente. Ainda nesses casos, há uma cultura
absurda de culpabilização das vítimas: “Que roupa usava quando foi estuprada?”,
“Por que estava na rua essa hora?”, “Mas o que será que ela fez pra irritar
tanto ele?”, “Ninguém se exalta assim atoa...”.
Outro aspecto da estrutura patriarcal que segue
enraizada na sociedade é a constate repetição e disseminação de discursos que
inferiorizam a mulher e a reduzem aos lares: “Mas existem cargos que devem ser
ocupados só por homens”, “As mulheres devem receber menos que os homens”,
“Mulher tem que ter mais cuidado com o lar”
Toda essa cultura influencia diretamente na
forma como os leitores interpretam a trama que se desenrola em Dom Casmurro. O
olhar social é arraigado de preconceitos que tendem à busca por evidências da
traição de Capitu e negligenciem todo o perfil de homem possessivo e extremante
ciumento de Bento Santiago. Esse olhar desconsidera o fato de a narrativa ser
escrita sobre a perspectiva masculina, pessoal e ressentida de um homem
solitário acerca de sua mulher.
A compreensão de Capitu na obra machadiana
exige a princípio o conhecimento do personagem narrador e do ponto de vista do
qual o mesmo faz sua narrativa, sem isso, não é possível entender a trama se
despindo do olhar que torna Capitu adúltera, apenas por que Bento Santiago o
diz.
Essa perspectiva é compartilhada por Jesuíno
Aparecido Andrade e Rita Nereide de Oliveira no artigo intitulado “Personagens
femininas na obra machadiana”[4], em que os autores afirmam
que:
Outro aspecto relevante dos romances realistas de Machado
de Assis é que nestes há sempre uma voz narrativa, um personagem central,
sempre masculino. Como o narrador é esse personagem central toda a narrativa
está condicionada a sua própria visão dos acontecimentos. Além disso, o
personagem faz a sua narrativa em um tempo muito posterior ao dos
acontecimentos narrados. Já velho, rancoroso e magoado com os acontecimentos da
vida amorosa fracassada é compreensível o fato deste ter uma visão negativa da
figura feminina. Visão esta facilmente percebida nos romances Memórias Póstumas
de Brás Cubas e Dom Casmurro. O ponto de vista é masculino moldado pela
ideologia patriarcal vigente no século XIX
Sendo assim, nota-se que existem reflexões em
cima da trama e que há autores que enxergam a problemática do olhar
estabelecido historicamente em cima da personagem Capitu.
5. CONCLUSÃO
Existem três coisas que os homens podem
fazer
com
as mulheres: amá-las, sofrer por elas, ou
torná-las
literatura.
(Stephen
Stills[5])
Mais de cem anos após a publicação de Dom Casmurro, a célebre obra em que Machado
de Assia ao propor um narrador e uma forma deste de contar sua versão da
história segue servindo a intencionalidade com que foi escrita, problematizando
questões da sociedade.
Capitu, personagem enigmática, entrou no
imaginário popular coletivo como tipo feminino servindo como base para diversos
estudos e reflexões como as propostas com esse trabalho.
O objetivo central desse trabalho tinha menos o
intuito de inocentar Capitu, pautava-se em evidenciar o quanto a proposta de
Machado de Assis foi intencionalmente provocativa, buscando explicitar a
estrutura patriarcal da época que se mantém na atualidade, ainda que hoje, os
movimentos feministas tenham tomado força e a luta por igualdade de direitos e
o fim dos privilégios masculino tenha conquistado visibilidade e espaço na
sociedade brasileira. De certa forma, Machado de Assis, para além de provocar,
busca a denunciar a estrutura e a ideologia vigente da época.
Destarte, a proposta de reflexão quanto ao
olhar estabelecido sobre a trama que se desenrola entre Capitolina e Bento
Santiago é um exercício de reflexão da estrutura da sociedade brasileira. A
obra oportuna diversos debates acerca da representação da mulher e da
normatização de comportamentos abusivos por parte do homem. É de suma
importância que tais debates sejam realizados, pois ainda são realidades vivas
dentro do cotidiano de muitas mulheres não só brasileiras, como ao redor do
mundo. Se utilizar da obra pra traçar reflexões e incentivar discussões,
dinamiza e oportuniza a abordagem de questões cruciais que seguem normatizadas
e enraizadas na sociedade.
O narrador-personagem ser um homem implica em
enxergar a história sobre as lentes de um homem. Se tratando da obra Dom
Casmurro, implica em compreender que é um homem tecendo suas reflexões e
apresentando suas perspectivas masculinas acerca de um universo que não lhe é
familiar, o universo feminino.
Outros aspectos da obra merecem uma discussão
mais densa, como por exemplo a influência que a religião exercia na vida das
mulheres e homens da época que fica evidente diversas vezes ao longo da
narrativa, simbolizada principalmente na promessa feita pela mãe de Bentinho de
enviá-lo ao seminário em agradecimento pela sua vida e na extrema devoção dos
personagens, outro fator importante é como a obra evidencia que as relações
sociais eram moldadas e guiadas por padrões econômicos. No entanto, tais
aspectos acabam tendo recebido menor atenção devido à fixação na suposta
traição de Capitu ainda que a obra não apresente evidências do fato, para além
dos devaneios de Bento Santiago.
É preciso, portanto, historicizar a obra, que
abre importantes brechas para se debater a sociedade brasileira no século XIX e
que nos permite inclusive enxergar mudanças e permanências na estrutura social,
sendo importante destacar a permanência da ideologia patriarcal e o olhar
arraigado de machismo que gira em torno da figura feminina.
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE,
Jesuíno A.; OLIVEIRA, Rita N. de. Personagens
femininas na obra machadiana. – disponível em: <<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2010/Lingua_Portuguesa/artigo/perso_fem_machado.pdf
>> - acesso em: 12 DEZ. 2018
BATISTA,
Jacqueline A.; SOUZA, Camila Ariane de. A
audácia dessa mulher: uma releitura da Capitu do final do século XX. – 2º Encontro de Diálogos literários – UNESPAR,
2013 – disponível em: << https://dialogosliterarios.files.wordpress.com/2013/12/126.pdf
>> - acesso em: 10 DEZ. 2018
CALDEIRA,
Arnilda A. Emma Bovary e Capitu: uma
releitura da representação da mulher em Gustave Flaubert e Machado de Assis. –
Monografia para obtenção do grau de Licenciada em Letras, UFPB – João Pessoa,
2014
SILVA,
Fabíola M. de Lima e. Para inocentar
Capitu: A crônica de uma trajetória processual. – Monografia para obtenção
do Bacharelado em Direito, UniCEUB – Brasília - DF, 2010.
KUNSLER,
Rosiélen Kuhn. Análise do olhar feminino
em Dom Casmurro: um olhar sobre Capitu. – Monografia para obtenção do grau
de Licenciada em Letras, UNILASALLE – Canoas, 2009
[1] ASSIS, Machado de, 1839-1908. Dom Casmurro/Machado de Assis. – Rio de Janeiro : Rovelle, 2008. 192p. : il. – (Um passeio pelo tempo machadiano; 01)
[2]
Licencianda em História UFRRJ , 8ºP. 2020.1 – Ensaio acadêmico realizado como parte do componente avaliativo da
disciplina História do Brasil III, ministrada pelo Prof. Dr. Felipe Magalhães,
em 2018.2.
[3]
D’INCAO, Maria Ângela. Mulher e família burguesa. In: ENGEL, Magali G. Imagens
femininas em romances naturalistas brasileiras. Rio de Janeiro. Xenon, 1989 p 1
[4]
ANDRADE, Jesuíno A.; OLIVEIRA, Rita N. de. Personagens
femininas na obra machadiana. – disponível em: <<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2010/Lingua_Portuguesa/artigo/perso_fem_machado.pdf
>> - acesso em: 12 DEZ. 2018
[5]
Compositor e músico norte-americano.

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